O raro Pica-Pau-da-Taboca: Um tesouro escondido do Cerrado

O raro Pica-Pau-da-Taboca: Um tesouro escondido do Cerrado
Foto de: Túlio Dornas

Você já ouviu falar do Celeus obrieni, o pica-pau-da-taboca? Essa ave é um dos habitantes mais raros e fascinantes do Cerrado. Sua história mistura descoberta, desaparecimento e um retorno surpreendente que inspirou a criação de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural).

O primeiro registro do pica-pau-da-taboca foi feito em 1926, quando uma fêmea foi coletada no Piauí pelo biólogo Emil Kaempfer. Depois disso, o silêncio: por 80 anos, não houve nenhum outro avistamento, e muitos acreditavam que a espécie havia sido extinta.

Mas em 2006, a esperança renasceu. Um macho foi capturado no Tocantins, o que reacendeu o interesse dos biólogos. Novos esforços de busca começaram e, em 2012, alguns indivíduos foram avistados – ainda que fora de áreas protegidas. O retorno da espécie gerou repercussão na mídia nacional e internacional.

O momento mais emocionante veio em fevereiro de 2017, quando quatro casais foram encontrados em uma área que logo viria a se tornar a RPPN Canto do Obrieni. A descoberta foi tão marcante que o Instituto Araguaia escolheu homenagear o pica-pau ao batizar a reserva com seu nome científico.

Um especialista em tabocas

O Celeus obrieni depende de um ambiente muito específico para sobreviver: áreas preservadas do Cerrado com presença de tabocas, um tipo de bambu nativo. Isso porque sua alimentação é altamente especializada — ele se alimenta exclusivamente de uma formiga que vive dentro dessas tabocas.

A ameaça ao seu habitat é o principal motivo de sua raridade. As queimadas frequentes, provocadas para dar lugar à agricultura e à pecuária, acabam destruindo rapidamente as tabocas, que são altamente inflamáveis. E o pica-pau-da-taboca não consegue cruzar mais de 200 metros de área aberta para chegar a outro fragmento de taboca, o que isola populações e dificulta sua sobrevivência.

A situação se agrava pelo fato de que até hoje nenhum ninho da espécie foi encontrado. Especialistas acreditam que eles estejam nas árvores ocas e secas mais altas do Cerrado — exatamente as primeiras a serem derrubadas para abrir espaço para pastagens.

Por que proteger o pica-pau-da-taboca?

A história do Celeus obrieni é um lembrete poderoso da importância de preservar os ambientes naturais do Cerrado. Corredores ecológicos, reservas particulares e áreas protegidas são essenciais para garantir não só a sobrevivência dessa ave rara, mas de toda a biodiversidade que depende desse bioma tão único quanto ameaçado.

Ao visitar o Cerrado e, especialmente a RPPN Canto do Obrieni, lembre-se de que você pode estar a poucos metros de um dos animais mais enigmáticos do Brasil — e talvez, com sorte, até escutar a batida ritmada do pica-pau-da-taboca ecoando pela mata ou o seu canto, que parece uma risadinha.

Para saber mais sobre as diversas maravilhas naturais e potencial ecoturístico do Cantão, você pode acessar as abas “Ecoturismo” e “Serviços” no menu principal do site Visite o Cantão!