Tudo sobre o Cantão: o seu próximo destino de ecoturismo

Um delta interior

Ao observar o mapa do Brasil, vemos o Rio Araguaia pulsando no coração desse país. Nesse grandioso rio, forma-se um delta bem no centro. O delta ocorre quando um rio abre vários “braços” a partir do leito principal, formando um triângulo, parecido com a letra grega Δ (delta).

Dentro desse delta, forma-se um outro delta ao norte. Esse delta interior é o Cantão. Recheado de rios e lagos e importante para o abastecimento de água e peixes da Bacia do Araguaia.

Onde começa a Amazônia

Localizado na transição entre o Cerrado e a Amazônia, o Cantão é a única região do Brasil onde esse encontro de biomas ainda permanece preservado. Com paisagens únicas e biodiversidade riquíssima, o Cantão representa um verdadeiro mosaico ecológico, unindo espécies típicas dos dois ecossistemas.

Essa singularidade faz da região um patrimônio natural de valor incalculável, essencial para a conservação ambiental e para a compreensão das interações entre biomas. Passeando pelo Rio do Coco, vemos cenas clássicas de uma Amazônia intocado e inundada pelas águas: botos-do-Araguaia acompanhando o barco e ciganas vocalizando bravamente.

Encontro de biomas

Imagine andar em uma trilha no Cerrado, repleta de gramíneas, árvores tortuosas e, ao horizonte, uma bela Vereda (formação vegetal perto de nascentes, com predominância de buritis). Percorrendo mais cinco minutos nessa mesma trilha, você encontra a Amazônia, com árvores mais altas liberando seus frutos no Igapó (floresta amazônica alagada). Continuando a trilha, você se depara com um belo cervo-do-Pantanal andando próximo aos brejos na margem do rio.

Como isso é possível? Três biomas tão próximos um do outro? O Cantão é assim. A leste do Rio Araguaia, no Tocantins, a vegetação é típica de Cerrado: um mosaico de campos naturais, veredas e manchas de florestas de Cerrado. A oeste do Rio Araguaia, no Pará, a floresta amazônica de terra firme chega até o rio, dando espaço para árvores resistentes que toleram seis meses abaixo d’água. A sudoeste do Rio, está o Pantanal do Rio das Mortes, no Mato Grosso. Nessa tríplice fronteira, está o Cantão, uma área onde colhereiros e tuiuiús congregam-se com tamanduás-bandeira e lobos-guarás, os quais, por sua vez, convivem com ciganas e ariranhas.

A maior mancha de floresta no Médio Araguaia

O Rio Araguaia é subdividido em três trechos principais: Alto, Médio e Baixo Araguaia. O Cantão é a última grande mancha de floresta nativa no Médio Araguaia. Cercado por áreas já desmatadas e modificadas, ele resiste como um refúgio natural, abrigando uma biodiversidade impressionante.

Sua vegetação preservada marca o encontro da floresta densa amazônica e do capim nativo do Cerrado. Essa porção intacta do bioma é fundamental para a manutenção dos ciclos ecológicos da região e destaca a importância de proteger o que resta de floresta original nesse trecho do Brasil.

Refúgio das águas

No Cantão, a dinâmica da água na seca e na cheia é fundamental para a sobrevivência das espécies. Durante a cheia, praticamente toda a parte amazônica do Cantão é inundada pela água, conectando rios e lagos. Nessa época, os animais migram para a parte do Cerrado do Cantão em busca de refúgio e alimento. Já na seca, é possível que transitem por mais áreas e é comum vermos a fauna do Cerrado buscando água no lado amazônico.

Ponto de descanso para aves migratórias

Além do Cantão ser importante para a migração regional entre os diferentes biomas da região, o Cantão também é considerado Sítio Ramsar, ou seja, uma área úmida de importância internacional, especialmente para as aves migratórias. Durante a seca, à medida que a água retorna para a calha do rio, deixa para trás longas extensões de praias de areia branca. Essas praias são locais para reprodução, alimentação, reprodução e descanso para aves migratórias que percorrem do delta do Amazonas e Ilha de Marajó até o Pantanal.

Berçário do Araguaia

Durante as chuvas, o Rio Araguaia sobe de nível, sai de sua calha e inunda a floresta, interconectando lagos, rios e canais no Cantão. Com o término da época das chuvas, a água retorna para a calha do rio, deixando para trás centenas de lagos isolados. O Cantão tem cerca de 800 lagos dos 1100 de toda a bacia do Araguaia e é chamado de "berçário do Araguaia", porque são nesses 800 lagos que os peixes se reproduzem, se alimentam e renovam o estoque de peixes de toda a Bacia do Araguaia.

Especialistas já detectaram cerca de 301 espécies de peixes no Cantão, mais peixes do que a Bacia do Pantanal inteira. E estima-se um número ainda maior. Com essa riqueza de peixes, o Cantão é um dos melhores ambientes conhecidos para proteção e contemplação desses animais. Se esses berçários forem destruídos, pescados ou poluídos, haverá um colapso da pesca nesse importante ambiente.

Onde há tanto peixe, há também predadores

Com tantos peixes e tantos lagos, certamente há muitos predadores para manutenção do controle de populações. O Cantão abriga fauna de grande porte. É comum vermos grupos de ariranhas fazendo um alvoroço enquanto pescam, a belíssima harpia (a maior águia das Américas) em seu ninho, botos-do-Araguaia acompanhando o barco e, claro, jacarés-açú de inacreditáveis cinco metros.

Tudo isso e muito mais faz parte do equilíbrio ecológico necessário para a manutenção de um ecossistema tão belo e raro.

Ecoturismo acessível e de fácil logística

O melhor de tudo é que as inúmeras maravilhas do Cantão estão abertas para um ecoturismo ambiental e socialmente sustentável. Partindo de Palmas-TO, capital com aeroporto internacional e acesso por diversas rodovias, você consegue chegar a um ponto de floresta amazônica intocada em uma questão de horas por via terrestre.

Acesse a aba “Serviços” em nosso site e conheça a disponibilidade de agências, guias locais e pontos de apoio ao turista para vivenciar de perto uma experiência única de conexão com a natureza selvagem no Cantão.